Fogo



 Fogo. Desde que me lembro, fui sempre fascinada pelo fogo. É o elemento onde me sinto em casa. Do fogo vem a força, a criatividade, a paixão, a coragem, a transmutação e a purificação da alma. Quando descontrolado, traz a raiva, a impaciência e a destruição. Quem tem muito fogo dentro, como eu, tem que aprender a manejá-lo. O fogo interno precisa de ser cuidado e alimentado para que a chama vital não se apague, mas também é preciso aprender a manejá-lo para que não se transforme num incêndio. 

O fogo é o elemento que nos traz a capacidade de mudança, de transmutação. Este poder de reinvenção que vive na nossa chama interna, está muito esquecido nestes tempos que vivemos. É preciso recordar que a vida é feita de mudanças e que nós, humanos, somos seres em constante transformação. O nosso medo e consequente afastamento da morte, retirou-nos a consciência que habitamos um Universo construído de constantes processos de vida/morte/vida. Não existe avanço e evolução sem morte. É preciso queimar o que já não serve, deixar morrer, para que das cinzas surja uma nova forma, uma nova vida, um novo caminho interno.

Nas tradições xamânicas do continente americano o fogo é masculino, o Avô Fogo, e são normalmente os homens que cuidam e guardam o fogo. Na cultura Celta, temos Brígida como Deusa do fogo da inspiração, o fogo da ferraria, o fogo da cura, que transmuta os estados físicos, emocionais e espirituais. Na mitologia grega, temos a Deusa Héstia como representante feminina do fogo da lareira como centro da casa, da cidade, do templo, fonte de nutrição, proteção e elevação espiritual. Sendo a energia do fogo masculina parece existir, aqui na Europa, uma muito antiga relação do feminino e das mulheres como guardiãs desta energia. 

Homens e mulheres tomaram consciência de si próprios à roda do fogo. A comunidade surgiu em círculo com um fogo no centro. Um fogo que replica o nosso centro, a chama interna que nos move e que é presença do Divino em cada um/a de nós.



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